A NOVA POLÍTICA E AS VELHAS DIFICULDADES
- Amanda Mesquita
- 30 de out. de 2017
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de set. de 2020
Atualmente, temos visto um movimento muito claro de políticos de toda ordem fazendo uso disseminado das redes sociais para publicar seus feitos ou suas agendas diariamente. Alguns se tornaram, de fato, um sucesso da internet. Fantasiam-se, filmam ações de zeladoria urbana, publicam suas opiniões, eventos e ações.

É incontestável que o uso dessas ferramentas acaba por aproximar os eleitores comuns de seus eleitos e até mesmo servindo como uma aparente medida de prestação de contas da gestão, seja do executivo ou legislativo.
Sem dúvida, este é um movimento irreversível da chamada “nova política”.
Acontece que, na prática, essa nova política, de uma maneira geral, para por aí. Mudanças efetivas para a vida da população continuam travadas e a nova política passa a ser nova apenas no marketing.
E isto não acontece, necessariamente, pela vontade daqueles que ocupam os cargos eletivos e que, ainda que bem intencionados, não conseguem gerar resultados reais, práticos e rápidos, pois a estrutura do poder público, a burocracia, o formalismo na aplicação dos recursos públicos, o corporativismo, a necessidade de se fazer coalizões incoerentes, entre outros aspectos, resulta numa máquina pública letárgica, que dificulta a governabilidade.
Essa reforma política a conta gotas que se apresenta pelo congresso nacional não resolverá o problema. O Brasil precisa repensar temas como "desenvolvimento integral" e não apenas "crescimento econômico", sustentabilidade social e ambiental, eficiência tributária e a redução da burocracia para empresas e negócios, proibição da reeleição para todos os cargos eletivos, limitação de cargos de confiança, fim do foro privilegiado, eliminação da desproporcionalidade entre as bancadas estaduais na Câmara Federal, voto distrital puro, eliminação das emendas parlamentares ao orçamento, entre outras providências.
E, como é de se esperar, essas medidas sensíveis a todos, com absoluta certeza, não serão enfrentadas pelo atual congresso nacional, por completa falta de interesse dos seus membros. Nesta toada, sofre a União, sofrem os Estados, os Municípios e principalmente os cidadãos.
O desenvolvimento do Brasil depende e dependerá em larga medida de uma ampla reforma do Estado brasileiro, que só se faz possível através de uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva, composta por membros da sociedade civil, que, depois de atingido seu escopo, será dissolvida e seus membros mantidos inelegíveis por prazo certo e determinado.
Caso contrário, a “nova política” ficará só na internet, “para inglês ver”.
Rafael Macedo Corrêa
OAB/SP 312.668